I Etapa:
Raramente os médicos darão dados a respeito de sua taxa de cesárea, e nem sempre assumirão a cesárea como seu jeito preferido de lidar com o parto. Ao responder à pergunta 2 você poderá ter uma idéia de quanto ele está convencido do parto normal: se a resposta for pouco afirmativa e colocar o parto normal como uma “possibilidade” da mulher que vai ser decidida na hora do parto, então você pode começar reconhecer nele um cesarista na prática. Enfim, o a quantidade de exame que ele considerará importantes darão a medida de seu apego à tecnologia e às intervenções.
>> Com esta primeira entrevista você já pode ter uma boa idéia do perfil do médico que a está atendendo. Poderá resolver que não é o que quer e mudar de médico ou continuará e chegará à II Etapa.
II Etapa:
Neste segundo momento você entra mais no mérito da questão, começando a falar sobre posições de parto. Este assunto deve introduzir a fisiologia de parto, pois as posições não são arbitrárias, uma vez que a melhor posição é aquela que facilita o mecanismo do parto. Observe, portanto, qual caminho tomará a resposta. Em seguir você pode abordar diretamente o parto de cócoras – se é que isso não surgiu já na resposta anterior. Ao aproximar-se deste assunto, você estará descobrindo o quanto seu médico é intervencionista, pois no parto de cócoras necessariamente as intervenções são muito menores e surge a questão: como lidar com a dor? Há métodos não farmacológicos de lidar com a dor. Você sabia? Talvez nem ele saiba...
>> Se você se sentiu satisfeita com as respostas obtidas, se ao manifestar seu interesse e vontade de participar sentiu-se acolhida e não intimidada, se percebeu a disponibilidade dele em conversar com você sobre esses III Etapa:
Nesta etapa a situação “aperta” mais: há médicos que se dizem “normalistas” e não aceitam acompanhantes ou marido em sala de parto, abominam as Casas de Parto e acreditam piamente que o parto domiciliar é inseguro. A cada etapa você chega mais perto da verdade verdadeira, deixando para trás slogans fáceis e respostas prontas. Toda gestação termina entre a 38º e a 42º semana, sem perigosos. Não se deixe enganar com a idéia de que com 37 semanas seu filho estará pronto para nascer. Quando ele estiver realmente pronto para nascer você e ele saberão. Não seu médico. Não se deixe assustar por ameaças de perigos: no parto domiciliar, nas Casas de Parto ou em partos após cesárea. Todas as respostas na III Etapa remetem aos mais comuns e infundados mitos. Neste momento você vai medir o grau de segurança do seu médico – e o grau de sua atualização científica.
>> Se continuar se sentindo satisfeita com o andamento da relação com seu médico, se sentir confiança nele e achar que está em boas mãos, chegará à IV Etapa, onde você irá testar o grau de autonomia que ele aceita em uma parturiente.
IV Etapa:
Apesar de, em alguns poucos lugares no Brasil o pai e acompanhante terem direito por lei a estarem ao lado da parturiente, o que estamos querendo saber agora não é se o médico (e o hospital) sabem disso e aplicam a lei, mas se eles entendem o parto como um evento da mulher e do casal, em primeiro lugar. Há profissionais que, na verdade, sentem-se inseguros se houver alguém, além de sua equipe de confiança, de pé, observando o que fazem. O tipo de leitura que ele recomenda (se recomendar) também será um indício claro de sua visão do parto e da mulher nesta hora. O fato de achar importante uma preparação para o parto e qual preparação (já que há vários tipos dela) mostrará se ele acredita que o parto necessita da participação ativa da mulher (por isso ela deve se preparar) e enfim, a hora que ele indica como boa para chegar à maternidade vai lhe dizer o quanto o parto é para ele um fenômeno natural que não deve sofrer intervenções inúteis, porque quanto antes você chegar à maternidade, mais intervenções sofrerá e mais provavelmente terminará sendo submetida a uma cesárea.
retirado do site da ONG Amigas do Parto